sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Tipo pega fogo na Domingos de Moraes culpa do dono

Vocês provavelmente irão torcer o bico ao lerem o título deste post, mas leiam de mente aberta e vejam como o mercado brasileiro é preconceituoso. Poderia um carro que foi líder de vendas mesmo custando mais que o dobro do carro mais barato do mercado, se tornar um mico?

Esta é a história conturbada do Fiat Tipo, um simpático hatch que chegou importado da Itália e após ser tirado de linha em seu país de origem ganhou nacionalidade brasileira. Lançado na Europa em 1988, o Fiat Tipo nasceu de uma nova plataforma que foi utilizada por praticamente todas as empresas do grupo Fiat e era caracterizada pela sua grande modularidade.

O Tipo causou furor no seu lançamento, sendo uma grande evolução no seguimento dos médios, pois devido a seu formado quadrado, oferecia espaço interno maior do que os concorrentes. Sua carroceria feita de aço galvanizado resistia ao longo do tempo em uma época onde a corrosão assolava a indústria. Foi eleito o carro do ano Europeu em 1989 devido a suas qualidades que encantavam todos.

O modelo era vendido inicialmente em 3 versões, denominadas S, SX e 16v. Essas podiam ser equipadas com diversas motorizações desde o 1.1 de 58cv até o 2.0 16v de 148 cv. Haviam também as versões Diesel com motores 1.7 e 1.9 de aspiração natural e 1.9 turbo alimentado. A versão mais completa da gama era a mítica Sedicivalvole, que significa dezesseis válvulas em italiano.

Em 1993 o modelo passou por um facelift onde recebeu modificações mínimas em sua carroceria. As versões passaram a ser S, SX, SLX, GT e Sedicivalvole. Nesse mesmo ano o modelo passou a ser importado para o Brasil, inicialmente apenas na versão 2 portas, preferência nacional inexplicável até o meio dos anos 90.

No Brasil recebemos inicialmente a versão 1.6 i.e, com injeção monoponto e 82 cavalos. Em 1994 chegaram as versões 2.0 SLX com acabamento luxoso, teto solar opcional e freio ABS e 2.0 Sedicivalvole com o festejado motor de 137 cv do Lancia Thema que dava ao Hatch desempenho invejável.

Será que estamos falando realmente do carro que hoje é considerado um mico no mercado? O Tipo, premiado na Europa, sucesso de vendas principalmente na Inglaterra tida como um dos mercados consumidores mais exigentes do mundo, elogiado pelo seu comportamento dinâmico por revistas e motoristas poderia ter um final triste em algum lugar do mundo que não fosse o Brasil?

O Fiat Tipo passou do céu ao inferno em pouco tempo. O modelo que custava cerca de 17 mil reais no seu modelo básico e era equipado com direção hidráulica de série entre outros itens inexistentes nos concorrentes vendia, mesmo sendo importado, mais do que alguns carros populares.

Em alguns meses o Tipo chegou a ser o líder de vendas, pois a Fiat estava aplicando uma política de vendas agressiva e seu preço era próximo ao de carros mais simples equipados com ar-condicionado e direção hidráulica. O Brasil passava por um boom econômico por causa da valorização do Real e os carros importados chegavam aos montes com preços bem competitivos.

A alegria começou a acabar quando alguns casos de incêndio espontâneo começaram a aparecer na mídia. O número começou a aumentar rapidamente espalhando medo e desconfiança para os consumidores que passaram a ter em mãos um modelo alvo de críticas nem sempre bem fundamentadas.

A maior culpada pela fama de ruim que o carro recebeu foi a própria Fiat que demorou para descobrir o motivo dos incêndios. Alegando que não era culpada dos mesmos, deixou na mão diversos consumidores que viram seu sonho do carro zero quilômetro queimado.

A Fiat dizia que o causava fogo no carro era um tubo feito de papelão conhecido como “convergedor de ar quente”. Esse tubo (em teoria) se tornava inflamável quando molhado com os produtos utilizados nos postos de lavagem e causavam a combustão espontânea.

A peça defeituosa era a válvula de segurança da direção hidráulica que estourava após manobras onde o volante ficou esterçado até o final do curso. A Fiat realizou 2 recalls para resolver o problema, que só teve solução após a segunda chamada.

Uma associação de consumidores lesados foi criada, a Avitipo (associação das vítimas do Fiat Tipo), em 1996. Essa associação foi a primeira do Brasil a conseguir através de uma ação pública uma vitória obrigando a montadora a pagar todos os danos morais e materiais dos associados.

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O acontecimento feriu a imagem da Fiat até hoje. Desde então nenhum carro médio da marca obteve sucesso no mercado. Antes do acontecimento com o Tipo, a marca gozava de boas vendas no seguimento com o Tempra e com o próprio Tipo, e hoje não consegue emplacar nenhum modelo entre os mais vendidos, mesmo tendo excelentes modelos como o Fiat Brava e o Fiat Marea.

Será que o Fiat Tipo começou a ter problemas de liquidez apenas após o recebimento do passaporte nacional como alegam algumas pessoas ? Algumas pessoas acham que o carro perdeu o status de carro importado e seu preço já não tão atrativo espantava os clientes que voltaram a consumir carros mais em conta como o Gol Bolinha e o Chevrolet Corsa.

2 comentários:

  1. fui vitima deste incendio no dia 6/6/2011 o carro estava file estou tentando um acordo amigavel com a fiat mas estou achando que estao com descaso me envie resposta email gislenepedro2009@hotmail.com

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